«Quando soube que não sobreviveria à doença e que não poderia continuar a caminhar no vasto campo em frente de sua casa, o caçador que gostava de flores pediu misericórdia, que o matassem depressa, por favor. Morreu numa cama sem dizer últimas palavras de significado e nesse dia nasceu no quintal um cachorro que nunca viria a ser cão de caça; foi então levado para um caixão e velado no centro da sua sala, os pássaros empalhados com as asas abertas olhando‑o de cima do armário. Na varanda, com vista para a terra que tinha sido a sua maior alegria e que supunha ir gozar em pleno na velhice, tinha o vaso preferido que deu ainda flor na Primavera após a sua morte.» Este livro é o resultado de uma viagem a Trás-os-Montes para acompanhar um projecto de prestação de cuidados paliativos domiciliários. De aldeia em aldeia – numa paisagem marcada por grandes distâncias, as águias sobrevoando as estradas, e o Douro como fronteira – encontramos pessoas com pouco tempo de vida, familiares que dormem à cabeceira de camas, e o vazio deixado pelos que morrem. No lugar onde Portugal acaba e é esquecido, onde todo um modo de vida está em vias de desaparecer, num tempo de fim e perante a nossa mortalidade, começamos a perceber o que é importante.»
«Brilhante livro de estreia que desafia os limites — não apenas da reportagem mas dos géneros literários — para falar do mais íntimo dos momentos, a morte. [...] Porque a morte não é boa nem é má. É. E Susana Moreira Marques escreve-a num livro de estreia como só os grandes escritores são capazes.» Isabel Lucas, «Ípsilon»
Este livro é o resultado de uma viagem a Trás-os-Montes para acompanhar um projecto de prestação de cuidados paliativos domiciliários. De aldeia em aldeia – numa paisagem marcada por grandes distâncias, as águias sobrevoando as estradas, e o Douro como fronteira – encontramos pessoas com pouco tempo de vida, familiares que dormem à cabeceira de camas, e o vazio deixado pelos que morrem. No lugar onde Portugal acaba e é esquecido, onde todo um modo de vida está em vias de desaparecer, num tempo de fim e perante a nossa mortalidade, começamos a perceber o que é importante.»
«Brilhante livro de estreia que desafia os limites — não apenas da reportagem mas dos géneros literários — para falar do mais íntimo dos momentos, a morte. [...] Porque a morte não é boa nem é má. É. E Susana Moreira Marques escreve-a num livro de estreia como só os grandes escritores são capazes.»
Isabel Lucas, «Ípsilon»