Quando um galdério tem uma ideia brilhante partilha-a logo com outro vadio. Colectivização intelectual. Uma grande ideia fica a secar se não for disponibilizada. E como não há dois sem três, estende-se a rede e monta-se a urdidura. Vala grande, saltar de trás. Ponderadas as valências de cada factor e os recursos disponíveis, o projecto avança, científico e inseguro. Quando duas irmãs, já entradas na vida, sonham com teres e haveres, mundos melhores, segurança de estado e paz de espírito, o destino costuma intrometer-se, turvar os planos, rasteirar os desígnios. Dessas contrariedades é feita a literatura que se dá mal com os harpejos dos anjos nas nuvens e prefere o Diabo, sempre atrás da porta, vigilante, até a rezar. Quando um ancião rabugento anda por aí a bengalar à solta, ocorre a alguns visionários que ele está mesmo a pedi-las.
Na imprensa: «Este romance de Mário de Carvalho faz da linguagem uma festa. (...) O romance é de uma grande "impureza": alia a escrita da ficção narrativa à escrita dramática e à escrita para o guião cinematográfico. Um texto com um fortíssimo domínio de si, que a todo o momento se revela consciente dos seus recursos e dos seus efeitos.», António Guerreiro, «Expresso»
«Mário de Carvalho continua a escalpelizar a "fauna humana" sem dó, mas (e é essa a novidade) com piedade. [...] Por meio do indirecto livre e da reinvenção do linguajar do "bas-fond" lisboeta, o contador desta história dá-nos a ver, justamente quando exibe os seus ridículos e nos convida ao riso, o seu estranho amor por uma fauna escassamente amorável. Como se a arte do romance fosse justamente essa: a de pôr o diabo a rezar por nós.», Osvaldo Manuel Silvestre, «Público»
«Vadios e vadiagens reunidos num verdadeiro festim. Mário de Carvalho até poderia escrever sobre a vida sexual das moscas da fruta, a arte de coser redes de pesca ou o funcionamento da bolsa de valores de Tóquio. Fosse como fosse, brilharia a escrita, esse manejo da língua portuguesa que é sempre um verdadeiro festim, um antecipado regalo.», José Mário Silva, «Ler»
Quando duas irmãs, já entradas na vida, sonham com teres e haveres, mundos melhores, segurança de estado e paz de espírito, o destino costuma intrometer-se, turvar os planos, rasteirar os desígnios. Dessas contrariedades é feita a literatura que se dá mal com os harpejos dos anjos nas nuvens e prefere o Diabo, sempre atrás da porta, vigilante, até a rezar.
Quando um ancião rabugento anda por aí a bengalar à solta, ocorre a alguns visionários que ele está mesmo a pedi-las.
Na imprensa:
«Este romance de Mário de Carvalho faz da linguagem uma festa. (...) O romance é de uma grande "impureza": alia a escrita da ficção narrativa à escrita dramática e à escrita para o guião cinematográfico. Um texto com um fortíssimo domínio de si, que a todo o momento se revela consciente dos seus recursos e dos seus efeitos.», António Guerreiro, «Expresso»
«Mário de Carvalho continua a escalpelizar a "fauna humana" sem dó, mas (e é essa a novidade) com piedade. [...] Por meio do indirecto livre e da reinvenção do linguajar do "bas-fond" lisboeta, o contador desta história dá-nos a ver, justamente quando exibe os seus ridículos e nos convida ao riso, o seu estranho amor por uma fauna escassamente amorável. Como se a arte do romance fosse justamente essa: a de pôr o diabo a rezar por nós.», Osvaldo Manuel Silvestre, «Público»
«Vadios e vadiagens reunidos num verdadeiro festim. Mário de Carvalho até poderia escrever sobre a vida sexual das moscas da fruta, a arte de coser redes de pesca ou o funcionamento da bolsa de valores de Tóquio. Fosse como fosse, brilharia a escrita, esse manejo da língua portuguesa que é sempre um verdadeiro festim, um antecipado regalo.», José Mário Silva, «Ler»