Uma investigação sobre a edição do principal programa informativo das três grandes estações de televisão em Portugal: o telejornal das 20 horas. Na hora da verdade — a emissão em directo do telejornal —, a pressão da concorrência é o que mais pesa sobre as decisões.
«Antes de conduzir o leitor nesta viagem fascinante pelos bastidores dos telejornais da RTP1, SIC e TVI, proponho que enfrentemos a velha questão da autonomia jornalística. Seja a dos colectivos redactoriais, seja a do profissional individual. Coloco‑a em jeito de declaração de interesses: ela constitui a base do olhar que lanço sobre o papel dos editores na construção dos telejornais e, em geral, sobre o jornalismo. Discordo da dupla visão, muito popular, de que os jornalistas se encontram, pura e simplesmente, ao serviço da ideologia dominante e que, nesse quadro, estão condenados, consciente ou inconscientemente, a manipular os leitores, ouvintes, telespectadores. Sei que esta posição é polémica. Amigos exigentes criticam-me por acentuar em demasia o âmbito moral e deontológico do jornalismo. Dizem que pareço não perceber que a sinergia entre uma tecnologia sem qualquer regulação e uma economia que busca apenas o lucro está a minar o jornalismo. E que isso torna o empreendimento moral num voto piedoso ou em coisa pior, para além de não ser boa sociologia. Não julgo que, na emergente esfera pública global, possamos olhar média e moral fora do mesmo quadro de pensamento.», Adelino Gomes
«Antes de conduzir o leitor nesta viagem fascinante pelos bastidores dos telejornais da RTP1, SIC e TVI, proponho que enfrentemos a velha questão da autonomia jornalística. Seja a dos colectivos redactoriais, seja a do profissional individual. Coloco‑a em jeito de declaração de interesses: ela constitui a base do olhar que lanço sobre o papel dos editores na construção dos telejornais e, em geral, sobre o jornalismo.
Discordo da dupla visão, muito popular, de que os jornalistas se encontram, pura e simplesmente, ao serviço da ideologia dominante e que, nesse quadro, estão condenados, consciente ou inconscientemente, a manipular os leitores, ouvintes, telespectadores.
Sei que esta posição é polémica. Amigos exigentes criticam-me por acentuar em demasia o âmbito moral e deontológico do jornalismo. Dizem que pareço não perceber que a sinergia entre uma tecnologia sem qualquer regulação e uma economia que busca apenas o lucro está a minar o jornalismo. E que isso torna o empreendimento moral num voto piedoso ou em coisa pior, para além de não ser boa sociologia. Não julgo que, na emergente esfera pública global, possamos olhar média e moral fora do mesmo quadro de pensamento.», Adelino Gomes