DA QUEDA DO MURO DE BERLIM À GUERRA NA SÍRIA: COMO O MUNDO MUDOU DEPOIS DA GUERRA FRIA
O fim pacífico da Guerra Fria foi assegurado pela concertação diplomática entre os Estados Unidos e a União Soviética. A nova ordem, fundada sob o signo da democracia liberal e da preponderância norte-americana, representou uma mudança estrutural nos equilíbrios internacionais, mas, paradoxalmente, preservou intactas as instituições do sistema multirateral criado no fim da Segunda Guerra Mundial. A «paz americana» terminou a 11 de Setembro de 2001, e a resposta dos Estados Unidos, com a invasão do Iraque, abriu um novo ciclo de crises. Nos últimos dez anos, o retraimento estratégico americano, a paralisia europeia e a dinâmica revisionista da China e da Rússia confirmaram o declínio ocidental e a erosão da ordem democrática, cuja sobrevivência parece ameaçada pela vaga populista nos dois lados do Atlântico e pelos conflitos cada vez mais extremados no Médio Oriente.
«A catástrofe de uma guerra hegemónica é improvável, mas uma guerra entre potências regionais não é impossível. Com efeito, a ausência da coligação ocidental torna possível uma escalada que pode transformar a guerra indirecta no Médio Oriente numa guerra aberta entre as potências regionais, que não seria a primeira num contexto nuclear. Esse cenário não é inevitável — nenhuma guerra é inevitável —, mas a sua probabilidade crescente torna obrigatória uma revisão das estratégias dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus.» — Carlos Gaspar
O fim pacífico da Guerra Fria foi assegurado pela concertação diplomática entre os Estados Unidos e a União Soviética. A nova ordem, fundada sob o signo da democracia liberal e da preponderância norte-americana, representou uma mudança estrutural nos equilíbrios internacionais, mas, paradoxalmente, preservou intactas as instituições do sistema multirateral criado no fim da Segunda Guerra Mundial. A «paz americana» terminou a 11 de Setembro de 2001, e a resposta dos Estados Unidos, com a invasão do Iraque, abriu um novo ciclo de crises.
Nos últimos dez anos, o retraimento estratégico americano, a paralisia europeia e a dinâmica revisionista da China e da Rússia confirmaram o declínio ocidental e a erosão da ordem democrática, cuja sobrevivência parece ameaçada pela vaga populista nos dois lados do Atlântico e pelos conflitos cada vez mais extremados no Médio Oriente.
«A catástrofe de uma guerra hegemónica é improvável, mas uma guerra entre potências regionais não é impossível. Com efeito, a ausência da coligação ocidental torna possível uma escalada que pode transformar a guerra indirecta no Médio Oriente numa guerra aberta entre as potências regionais, que não seria a primeira num contexto nuclear. Esse cenário não é inevitável — nenhuma guerra é inevitável —, mas a sua probabilidade crescente torna obrigatória uma revisão das estratégias dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus.» — Carlos Gaspar
LIVRO DO ANO 2016, Público